25.8.13

Lágrima Madrugadora

  O que me levaria a escrever de madrugada? Teimosia, insónia, tristeza, rebeldia? Não me ocorre uma resposta óbvia.

  Tenho a mesma música em replay à cerca de 4 horas. Não é que seja a minha música favorita, mas há algo na sua melodia que me faz pensar. Como eu queria alguém do meu lado só para olhar pra mim. Só para pousar os seus olhos sobre mim num ato de quase proteção. Para falar comigo sobre as ondas ou o vento. Só para eu me sentir alguém. Tenho saudades daquele olhar intenso, daqueles momentos em que nos sentávamos no chão, de pijama e pés descalços. Não precisava de mais nada, só daquele olhar. Aquele. Quando cruzávamos olhares dava-me vontade de sorrir. Sem segundas intenções, sem olhares atrevidos, apenas o olhar de quem olha para uma rosa. Podíamos ficar longos minutos em silêncio que nenhum de nós se sentiria incomodado. Só o olhar nos confortava, nos preenchia. Poderia até ouvir os seus olhos, se escutasse com atenção. Ouvir o que eles teriam pra me dizer. Ouvir um sorriso, ouvir um sussurro, ouvir uma voz tranquilizante. Quem disse que os olhos não falam? Apenas temos de estar receptivos à sua voz. É disso que tenho saudades, da alma caridosa que estava lá a olhar por e para mim. Não foi preciso me abraçar pra sentir o seu calor. Bastou encostar a cabeça no seu ombro e olhar para a lua.
  Tenho pena que nem todas as pessoas compreendam a amizade de dois seres (quase) heterossexuais de sexos opostos.

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