2.3.13

O Desespero #1

                Escrever: algo que se faz de livre e espontânea vontade; algo que se faz feliz; ato de libertar e canalizar ideias e/ou pensamentos de forma a tornar o autor “mais leve”.
                Escusado será dizer que pareço um pedaço de papel amarrotado. As coisas que passam pela minha cabeça são tão deprimentes, que acho que nunca me imaginei encontrar-me num estado tão decrépito e miserável como neste meu estado atual. Chegar ao ponto de ter pena de mim própria acho que é mesmo (mesmo) o fim do poço. E vou eu, numa espiral sarcástica onde tenho pena de sentir pena… Shame on me...  Burn me then…
                Contarei por partes quão bem vai a minha maravilhosa vida, de uma maneira regressiva.
                Parte um: distensão muscular, glúteo direito – traduzido: rasguei o músculo do traseiro…
                Ainda mais virá!...

                Pense-se então: durante os picos depressivos, há uns dias em que parece que te estás a recuperar e há outros em que parece que te estás a afundar ainda mais. Tinha arranjado no desporto uma forma de elevar o meu “eu”, levando o meu corpo aos limites e ao pensamento “ter um objetivo é sempre bom”. Estava finalmente a ver resultados. Não por me dizerem “ENA!, estás bem mais magra!”, porque na realidade não era isso que sentia, mas por me sentir mais tough girl. Caí algumas vezes e… bem, levantei-me outras tantas. E, lá por volta da vigésima-quarta ou vigésima-quinta vez em que me tentava levantar, senti o corpo mal aquecido e uma dor latejante na coxa. Caricata situação: não conseguia sair da “posição de gatas” e, bem, proporcionei bastantes risos à malta que fazia de plateia, inclusive ao pessoal da ambulância, que esteve mais de meia hora para me conseguir levar para o hospital minimamente confortável. Os risos não me afetaram. Até eu me estava a rir das minhas desventuras. O pior era ter de lidar com a falta do meu “elevador”. Sentindo que a vida ia tirando tudo de mim, saí do ginásio, de maca e de cabeça baixa…

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