No
sábado levei a surra da minha vida. Tudo porque queria ter voz, queria ter
opinião. Queria que me escutasses pai, que me reconhecesses. Em vez disso,
saltou a mãe como uma leoa e defendeu a posição de pai e autoridade que tens.
Bati o pé, queria que cedessem! Minutos depois, arrependi-me.
A minha
mãe obrigava-me a ir para o quarto de qualquer maneira, chegando mesmo a
agarrar-me pelos cabelos. Ela queria exilar-me, ainda que fosse apenas a alguns
metros da sala. Queria calar-me, queria que eu me submetesse. Lutando contra a
dor e berrando para que parasse, ela continuava a marcar-me com aquelas mãos
que me faziam carícias, outrora. Ouvia o meu pai de fundo a gritar “arranca-lhe
a cabeça” como se de um duelo de gladiadores se tratasse. A meio do corredor cedi…
sem forças olhei-a nos olhos e perguntei “se és mãe, como sei que és, não me
abandones”. Ela responde friamente “se és minha filha, obedece-me”… deixei-me
arrastar pela perna que estava magoada… Abandonada e incompreendida fui deixada
no quarto… Trancada até. Pulei a janela desesperada em busca de ar. A minha mãe
abandonara-me, arrancara-me metade do cabelo, fizera-me sangrar… Agora estava
eu numa rua deserta, descalça e despenteada… Perdida e sem rumo. Que haveria de
fazer senão chorar? Quando vi algumas aproximarem-se, corri. Ninguém me veria
naquele estado, mas precisava que alguém me acalmasse. Entrei pela janela,
exatamente de onde tinha saído e sentei-me em cima da cama, sentindo os pés
duros e frios daquela corrida sobre brita. Deitei-me e esperei acordar do
pesadelo. “WAKE UP!” Berrei… quis acordar… Só sentia dor real, provando-me
(infelizmente) que não estava a sonhar. Liguei à única pessoa que me iria
atender. Ao menos tinha uma. Despejei, chorei, solucei…
Agora que
só restam marcas e pouco cabelo, ainda não te compreendo, mãe. Não te endendo,
mas não guardo rancor. Admiro-te e continuo a gostar muito de ti. Ainda que não
tenhas pedido desculpa, eu perdoo-te.
Quanto a
ti, pai, não espero nada mais de ti.
Sem comentários:
Enviar um comentário