No bosque. Corro desalmadamente à tua procura. Onde estás? As árvores. À minha velocidade e ao meu desespero, são meras cópias, umas das outras. Sinto o chão molhado à minha volta, o gosto a terror na minha boca e as mãos gélidas e trémulas esperando tocar a tão esperada face quente e morena. O coração bate fortemente, anteriormente avisado e sabendo que te perdia novamente. O sol fraco que deixa de iluminar o dia e a minha esperança. Afinal como vim aqui parar? As bússolas não indicam o norte, e os meus olhos não encontram a clareza nem o fim da floresta. Por mais bússolas que tenha, sentir-me-ei perdida se não te tiver a meu lado. Ouço o som de um rio. Os meus olhos adaptam-se à luz fraca que ainda permanece e encontram a fonte sonora. Andando num passo acelerado e sôfrego encontro-te. Pedes-me para te seguir. Mas agora já não há motivo para correr. Então porque o fazemos?
- Precisamos de fugir daqui.- Mas porquê?
- Eles não me largam. Estão sempre atrás de mim, por mais que eu fuja deles.
- Eles quem?
A minha pergunta permanece sem resposta, até ao momento em que percebo que seria bom de mais estar com ele, ainda por cima naquele bosque. Agora tudo se confunde e já nada me parece real. "Eles, os obstáculos." O nosso impedimento. Todos os nossos impedimentos juntos, nos seguem e nunca nos largam. Subimos o degrau que nos levou à estrada e ao fim do bosque. Salvos do emaranhado eu paro e peço-lhe que espere. Os seus olhos curiosos penetram-se nos meus, o seu braço me agarra na cintura e o outro no pescoço. Ele me prende, mesmo que eu não queira, ele me prende. Mas ele sabe que eu o quero.
- Que foi, amor?
As minhas mãos vão ao encontro do seu pescoço e pressionam os seus lábios contra os meus, num misto de calor, paixão, ansiedade e contenção. Contenção por parte dele. Mas ele solta-se e deixa-se levar num beijo rápido, ainda que leve, enquanto os nossos corpos se atraem e se desejam fazendo com que nos sentemos junto à árvore, nos olhemos nos olhos, para um novo beijo, desta vez diferente. Mais calmo, mas muito mais intenso. No musgo húmido o meu corpo pressiona o dele, as minhas mãos suadas indo aos botões da camisa dele e... "Come here baby and be my baby and be my baby oh oh oh. Come here baby puts your hands on my body, hands on my body oh oh oh. Right there, keep it right there. I love when you put it right there oh oh oh. Yeah, oh oh oh..."
- Mas afinal... BAH! Despertador... 9 da manhã?! Fogo! Ainda é cedo!
Desligo o despertador e lembro-me do sonho. "Ah, foi tão bom! Não me vou esquecer dele tão cedo. (Bela música para pôr no despertador, Tânia! -.- ) " E volto a dormir. Horas mais tarde, bem acordada, relembro o sonho.
- Quanto tempo mais será assim? Não aguento mais! As saudades me consomem... Eu pensei que estivesse preparada quando o aceitei de volta. Mas não estou. Todo este sofrimento outra vez? Não aguento mais isto. Não aguento só me contentar em sonhos, não aguento mais este sentimento que faz de ti o meu norte. Quando voltarás? Os 130 km que nos separam ficarão mais fortes a cada dia que sonho contigo. A cada dia que me apercebo que só te tenho em sonhos. Estarias aqui no dia dos meus anos.- "Entre o meu aniversário e o teu só há um dia de distância. Tentarei ir. Será o nosso presente de aniversário!"
Seria. O nosso "demasiado bom" concretizado. Tens 5 dias para me fazer ver que desta vez vale a pena.
- "És o meu bem mais precioso. Desta vez não te magoarei. Prometo!"
O sinónimo de saudade aconchega-se no canto do meu olho para segundos depois se tornar numa torrente que jorra aclamando uma mão que as enxugue. Não sei se aguentarei.
Adivinhem o motivo de ter acordado a esta hora...
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